Durante uma visita à fábrica da Psyche Aerospace, testemunhamos o empenho incansável do Sr. Lauro e seu filho Renato na realização do projeto Harpia P-71. Tivemos o privilégio de entrevistar o Sr. Lauro, um veterano no campo da aviação e apaixonado pelas atividades que desempenha.
Revista Meta: Quem é oSr. Lauro?
Lauro: Meu nome é Lauro Aburaya, sou nissei. Meus pais imigraram do Japão para o Brasil. Por volta dos 15 ou 16 anos, tive um desejo intenso de ingressar na Aeronáutica. Precisava trabalhar e ajudar meus pais, então, dessa vez, o meu sonho foi abandonado. No decorrer do tempo, da minha história, ingressei na Embraer, em meados dos anos 80 e lá permaneci até 2000.
Ingressei na empresa como ajudante geral, e, progressivamente, subi na hierarquia da organização, especializando-me em materiais compostos. Com o passar do tempo, avancei para posições de maior responsabilidade, como liderança profissional, incluindo funções de encarregado e supervisão.
Também sou modelador de madeira, aprimorei minhas habilidades nesta área. A arte da modelagem em madeira foi ensinada a mim por artesãos japoneses.
Revista Meta: De onde vem todo esse conhecimento?
Lauro: A minha faculdade é a experiência. A vontade de aprender na vida. Converso frequentemente sobre isso com o Gabriel. Em vários momentos fui procurado para prestar serviços de consultoria a outras empresas, devido ao meu conhecimento e experiência profissional. Se eu não tivesse esse lado de buscar conhecimento e estudo autônomo, digo que talvez não teria uma oportunidade.
Revista Meta: Como foi receber o convite para fazer parte deste grande desafio?
Lauro: Na verdade, o Gabriel fez o convite ao Renato primeiro. Então o Renato conversou com Gabriel e me disse: “pai, acho que eles irão precisar de você na empresa”. Eu respondi: “Tudo bem então, vamos lá”.
Tive a oportunidade de conhecer Gabriel e seus pais. O pai dele enfatizou: “Gabriel, certifique-se de não perder o contato com esse homem de jeito nenhum.”
Revista Meta:O senhor tem uma identificação com Gabriel Leal. O que lhe chamou a atenção para que “vestisse a camisa” da empresa?
Lauro: Conheci o projeto a partir do desenho em 3D do Renato, o diretor de manufatura. Verifiquei que 99% do Drone é material composto. Gabriel perguntou: “como podemos fazer isso acontecer? Disse a ele: “vamos em frente, pode contar comigo e com o Renato, faremos esse drone nascer”.
Foi assim que começamos a galgar como uma equipe, aproveitando nossa experiência coletiva. Na verdade, eu e o Renato nos completamos, pois ambos trazemos conhecimentos exclusivos para a mesa.
Assim, o projeto Harpia P-71 começou a tomar forma. Peça a peça, tudo começou a surgir. A cada novo componente, o pessoal vibrava. Um momento único de empolgação.
Hoje, alcançamos com sucesso a conquista do drone, rodando e girando. Essa conquista traz uma sensação de entusiasmo e vibração em nossos corações. É um avanço muito satisfatório. Sinto que faço parte de uma criação, porque é um contexto geral. Engloba uma ampla gama de conhecimento, inclusive o lado empresarial.
Os meninos aqui ainda são novos e jovens, precisam de alguém mais experiente para lhes dar uma base. Então, eles contam muito comigo e estou mais do que disposto a ajudá-los. Para mim, colocar para eles os conhecimentos que tenho, é de grande valor. Manter o conhecimento confinado em si não serve a nenhum propósito.
O conhecimento só se torna prático e palpável no momento que aplicamos e dividimos esse conhecimento com outras pessoas. Guardá-los para nós leva à estagnação, ao compartilhar, nos tornamos condutores de um propósito maior. Na verdade, acredito que compartilhar conhecimento é semelhante ao ato divino de espalhar luz no mundo.
Falei em uma das entrevistas, há algum tempo, achei muito interessante o garoto Gabriel, de 22 anos, com a mente empresarial fora do comum. A visão impressionante desse jovem e sua capacidade de enxergar além do horizonte realmente me atraíram. Hoje, nós sabemos que o mercado brasileiro é o agronegócio, é o que comanda o Brasil todo. Ele enxergou isso de uma forma moderna e inovadora. Portanto, é a cereja do bolo.
O pensamento inovador de Gabriel levou à criação de um drone que pode ir aonde um trator tradicional não consegue chegar. Essa invenção inovadora provou ser inestimável em situações em que o crescimento das plantas inibe o movimento do trator ou quando a chuva forte faz com que ele afunde. A visão de Gabriel sobre esse problema foi realmente notável.
Após analisar cuidadosamente todos esses fatores, declarei com confiança meu apoio a essa nova abordagem. Gabriel sempre poderá “contar com esse velho aqui, com minha ajuda; enquanto eu estiver vivo; estarei ao seu lado, abraçando esse avanço tecnológico”.