Tenacidade e empenho o levaram a se tornar um talentoso consultor de imagem
Rodolfo Kanematsu, publicitário e consultor de Imagem masculina. Filho de pais japoneses, foi exposto a uma cultura rica, forte, com senso de disciplina e estilo desde muito jovem.
Tem o objetivo de ajudar os homens a desenvolverem sua imagem integral de forma mais eficaz e impactante possível. Orienta seus clientes em sua jornada rumo ao auto-aperfeiçoamento. Respeitado pelo profissionalismo e atenção aos detalhes.
Revista Meta: Conte-nos quem é o Guru do Estilo e suas origens.
Rodolfo Kanematsu: Sou Rodolfo Kanematsu, solteiro, tenho 35 anos. Formado em Publicidade pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM.
Venho de uma família japonesa, meu pai foi da Força Aérea Brasileira – FAB por muito tempo e minha mãe oftalmologista.
“Sou consultor de imagem masculina. Ajudo os homens a se vestirem e se portarem melhor para seus objetivos, profissionais ou pessoais. Gosto de falar que sou o melhor amigo que ele não teve, onde tenho a licença poética para apontar melhorias, tanto na parte de vestimentas como também de comportamentos, buscando o desenvolvimento da melhor forma possível”.
Revista Meta: Como nasceu o Guru do Estilo? Como foi esse crescimento principalmente online? Foi intencional?
Rodolfo Kanematsu: Sou formado publicidade, era dono de uma agência com um sócio e a parceria fracassou. Foi um momento bem ruim em minha carreira, estava triste, decepcionado, deixando amigos e clientes na mão, demorando entrega de projetos.
“Esse episódio com meu sócio foi um trauma no que diz respeito à confiança, confiei 100% nele. Falo claramente, foi apenas um escape para eu não ficar doido.”
Comecei no online sem a intenção de trabalhar com moda. Exponho minha opinião com frequência, acredito que ao longo de nossa trajetória profissional nos deparamos com inúmeros obstáculos e situações desfavoráveis.
Em determinada ocasião, me dei conta: “preciso fazer algo diferente.” Ainda não me dedicava à moda, apenas gostava muito. Decidi: “Vou criar um Instagram de algo que gosto muito”, não quis saber se iria me trazer dinheiro ou não.
“Foi interessantíssimo porque já havia alguns Instas bem grandes que existem até hoje falando de estilo e moda masculina, o primeiro, mais estourado, o maior em questão de números é o Moda Masculina.”
Montei uma lista de nomes parecidos, Moda Estilo, Estilo entre outros; utilizando uma ferramenta para criação de nomes, encontrei Guru, permutando entre três colunas para criar uma fonte de ensino. Em uma semana encontrei o nome, desenvolvi a marca e criei o “Guru do Estilo.”
Como sou publicitário, desenvolvi mais facilmente. Apenas comecei a postar conteúdo, o canal começou a crescer. Cerca de um ano depois iniciei a construção da parte de consultoria de imagem. Então, o Guru do Estilo nasceu como um lugar puramente digital no Instagram.
“Por mais de um ano, não mostrava o meu rosto no Instagram. Porque queria que o Guru fosse meio que uma entidade. Conversando com um amigo que trabalha com a áreade influência há um tempo ele me aconselhou dizendo: “o brasileiro, principalmente, gosta de identificação, apareça e utilize a questão de você ser japonês. Você está falando de moda, que já é um paradigma, uma coisa diferente.” Segui o conselho e então cresceu ainda mais. Isso é interessante.”
Após iniciar, descobri que havia uma demanda latente de pessoas buscando esse tipo de conhecimento e acredito que elas se identificaram com a minha abordagem. Isso foi em 2018.
Encontrei uma oportunidade de unir o útil ao agradável. O útil sendo uma atividade e assunto que aprecio muito, verificando que existem pessoas também muito interessadas em moda, decidi ver como conseguiria monetizar.
Comecei a estruturar um pouco melhor a consultoria, depois de 20-30 mil seguidores, consegui algumas marcas para começar a trabalhar junto e em parcerias também. Hoje, minha fonte de renda vem das consultorias de imagem e das parcerias que mantenho. Sou embaixador de algumas marcas que produzo conteúdo.
Revista Meta: Há quanto tempo atua como consultor de imagem?
Rodolfo Kanematsu: Como consultor estruturado da maneira como está a minha consultoria, diria que faz três anos.
O trabalho que faço, não tenho uma escola, assim, muito estruturada, principalmente para homens. Então, precisei fazer um Frankenstein de referências que havia lido e estudado. Logo após, comecei a me especializar em cursos de perfumaria, tecido e coloração pessoal.
Estudei sobre consultoria de estilo masculino, uma moda mais clássica de alfaiataria em uma escola fora do país também. Fiz uma mentoria com uma consultora, digo que, ela é minha mentora, me ensinou muita coisa. Ela estava precisando de um parceiro para o masculino, porque já fazia mentoria para mulheres.
Com base em tudo isso, consegui estruturar uma melhor consultoria para os homens. Porém, demorou para chegar nos módulos que tenho hoje, porque não havia uma referência para me equipar e copiar.
A base da minha consultoria são cinco módulos.
Hoje, por exemplo, quando o cliente me procura e quer fazer a consultoria, se ele fala que quer fazer somente três módulos, enfatizo que para se ter o resultado interessante e esperado precisa realizar todos os cinco módulos. Se quiser fazer adicionais no total são sete módulos.
“Foi com muito suor mesmo, de teste e erro, que consegui chegar nessa base de cinco módulos, onde conseguimos obter um resultado legal.”
Revista Meta: Estes módulos ensinam a pessoa ir sozinha ao shopping para compras e resolver a vida? Como funcionam?
Rodolfo Kanematsu:Normalmente, o cliente me contata quando está em alguma transição pessoal ou profissional. Está divorciado, trocou de cidade, empresa, subiu de cargo ou está empreendendo; diria que a maioria está passando por uma transição profissional.
Como enxergo que conseguimos obter bons resultado nesses cinco módulos?
O primeiro módulo é entender o estilo predominante e perfil de personalidade, onde compreendo tanto a personalidade do cliente; o que ele faz, o que ele gosta de fazer, como também os estilos de vestimenta que mais o agradam.
O segundo módulo é a parte da reciclagem do guarda-roupa, retiramos tudo que está ruim, eventualmente deixamos algumas peças boas para ajustes. Depois que temos esses dados, vamos às compras.
Compro as peças com ele, em média fico com o cliente de quatro a seis horas; vamos às lojas de rua, normalmente gosto de ir na Oscar Freire, que é uma experiência bacana para o cliente.
O quarto módulo é a parte de ajustes, vamos ao alfaiate ajustar barra, simetria de silhueta. Existe o cliente que é super magro, mais gordinho, baixo, alto. Portanto, precisamos sempre equilibrar a simetria visual.
O último módulo é o dia do estilo, quando fazemos as combinações. O trabalho será separar as roupas para: date, namoro, viagem, trabalho, final de semana, calor e tiramos fotos de tudo.
Assim, depois que terminamos o trabalho: cinco módulos base, quero que o cliente consiga entender o estilo que mais o agrada e faça as compras sozinho. Óbvio, se ele tiver algum tipo de dúvida ainda continuamos conversando.
Entrego as fotos e, precisando atualizar algo depois, faço uma consultoria no inverno, se o cliente quiser renovar as roupas para o verão, fechamos outro pacote de compras.
O término desses cinco módulos, depende da agenda do cliente. Normalmente, a média é de 30 a 40 dias com o cliente.
Revista Meta: Com todo esse envolvimento na moda e imagem já pensou em ter sua própria loja de roupas?
Rodolfo Kanematsu:“Então, é engraçado falar sobre isso, porque, no final das contas, acabo vendendo muita roupa.
Na parte do Personal Shopper, vou antes às lojas com todas as medidas do cliente, separo com o vendedor as roupas que normalmente conheço e acredito que vamos comprar. Quando o cliente chega, o provador está separado para ele, assim vai trocando os looks e analisando: gostei, não gostei. Portanto, não é na hora que ele comparece à loja que irá escolher. Faço o trabalho anterior, uma pré-seleção.
Essa atividade trata-se de algo que quero trazer até para os vendedores, que significa entender mais rápido essas questões do cliente, não se trata de vender mais, mas sim vender melhor.
Um varejo mais inteligente, porque já deve ter acontecido com você, quando entra na loja para comprar uma camisa, o vendedor quer te convencer a comprar uma meia também.
Se você encontra um vendedor que faz perguntas estratégicas, por exemplo: será um evento de trabalho, de dia, ou à noite? Assim ele consegue dar opções mais inteligentes, do que simplesmente trazer dez camisas e pronto. Este tipo de atendimento personalizado fideliza o cliente.
Como a mulher está há muito mais tempo em outro nível de consumo de roupas e imagem pessoal do que o homem, hoje, vejo que o cliente masculino está mais exigente e procura por um atendimento de qualidade.
Revista Meta: Como você vê as mudanças na moda nos últimos anos?
Rodolfo Kanematsu:Vejo que a moda existe como uma ferramenta que se utiliza na questão de vestimenta e estilo; você pode ser mais influenciado ou menos influenciado por ela. No final das contas, o importante é estar feliz com a roupa que você está vestindo.
“Assim, vejo a moda como muitas outras coisas; se você viver num lugar onde não tem conhecimento, está feliz. Quanto mais conhecimento e mais coisas se sabe, mais difícil ficam as suas decisões. Você fica mais exigente. A moda é uma ferramenta, uma expressão artística que a pessoa pode escolher utilizar ou não”.
O game é este, as pessoas irão te julgar pelo que você está vestindo? Sempre, sempre e sempre.
Você utiliza isso a seu favor ou não. Caso não se importe ou ache que não tem nada a ver, não há problema algum. No entanto, certeza absoluta, as pessoas estão prestando atenção.
“O exemplo mais simples que apresento para o pessoal, você vai a um dentista que o dente dele está todo danificado, feio? Não vai. Você vai a um nutricionista que é gordo, tem obesidade mórbida? Não vai também. Então, são esses exemplos que compartilho com a galera; estamos a todo momento julgando as pessoas.”
“Se todo mundo está julgando, espero que esteja passando pelo menos uma imagem bacana, de uma pessoa amigável, legal; por aí vai. Agora, se você ignora os julgamentos, não tem problema também.”
O trabalho da consultoria é um olhar para dentro, de autoconhecimento. Vestir-se bem é quando você está refletindo muito bem a sua personalidade.
A pessoa bate o olho em você e logo pensa que você deve ser mais ou menos assim, ao conversar percebe que você é exatamente do modo como imaginou. Isso é bem legal, porque somos diferentes um dos outros e existe espaço para expressar estas características de personalidades de várias maneiras.
Revista Meta: Quando você obteve essa compreensão de importância da apresentação pessoal e forma de se vestir?
Rodolfo Kanematsu: “Minha mãe se importa desde menininha com as roupas e imagem, vejo fotos dela super estilosa com seus vinte, trinta anos. Então, é algo que ela se importa há muito tempo. Lembro muito de quando era pequeno ainda, por volta dos 11-13 anos, minha mãe me dando alguns toques e falando: “filho, tem que se vestir bonitinho, vamos comprar roupa juntos”. Ainda sou muito próximo a ela, compartilhamos e temos uma visão muito parecida do mundo. Portanto, essa compreensão veio muito antes do Guru”.
Óbvio, falo para todo mundo que uma das grandes influências de me importar e sempre buscar esse tipo de conteúdo foi por conta da Dra. Elza, minha mãe.
Não sou especialista em moda feminina, mas consigo enxergar se está bom ou não. Conversamos bastante por conta disso. Então, pode ter certeza que foi muito por culpa dela”.
Revista Meta: Vocêsofreu ou sofre algum preconceito por trabalhar com moda?
Rodolfo Knematsu: “Preconceito do tipo eu sendo um homem hétero? Sim, com certeza. Acontece ainda. Antes acontecia muito mais.
Diria que a cada ano que passa existe menos preconceito. Tanto no digital, quanto no offline”.
Muitas das modas que as mulheres usam hoje vieram da moda masculina. Portanto, há uma base histórica completa que as pessoas trazem consigo. Não acredito que estamos falando apenas do Brasil, mas sim do mundo todo. As pessoas têm uma memória curta e, às vezes, o preconceito surge e nem sabem por quê.
Uma correlação que a galera faz ainda, nesta questão de moda, é quando veem um homem muito bem-vestido, mais criativo ou com uma peça diferente. Depende da proposta. Então, volto a comentar, acredito que é muito de refletir a sua personalidade.
“Fico feliz das pessoas que me seguem, diria que a maioria esmagadora e os meus clientes são pessoas super desconstruídas. O cliente bateu no peito e falou assim: “preciso de profissional da moda para me ajudar a comprar roupa. Ele chega pronto, não preciso convencê-lo de nada. O dia de compras é o “dia de princesa” que falo, vamos fazer muitas compras hoje, muitas sacolas. Parece aquele filme Pretty Woman, de Richard Gere.”
Homem demora para fazer essas coisas, mas vejo que estamos caminhando para um lugar melhor, com certeza.
Revista Meta: Se vestir bem realmente é caro? Há alguma alternativa para quem não pode gastar milhares de reais todo mês em roupas?
Rodolfo Knematsu:Com certeza existe, porém, vamos combinar uma coisa, tudo está caro. Vamos partir desse princípio, comida, restaurante, roupa, tudo está muito mais caro, infelizmente.
“Evidente, o cliente que chega até mim e quer fazer uma consultoria, já está em um nível financeiro alto, diria, não precisa ficar se preocupando muito em economizar aqui ou ali. Darei o exemplo de uma marca que faz um trabalho ótimo, tanto para o masculino quanto para o feminino, a Renner. Na Renner faço conteúdo falando de looks e ideias muito legais. Dá para montar um look: um tênis, uma calça e uma camiseta ou uma camisa por 300 a 400 reais”.
Obviamente, quando um cliente tem mais dinheiro, ele vê a qualidade que tem maior impacto no preço da peça e dura mais.
Revista Meta: Sabemos que a imagem pessoal nos negócios é vital. Para o empresário em momentos de negociações, acha importante? Como que você vê esse quesito?
Rodolfo Knematsu: Acho que é extremamente importante. Vejo que é muito mais importante o profissional do que o pessoal. No final das contas, vejo que a única profissão do mundo é vender. Ou você está se vendendo ou está vendendo o que você faz. Só existem esses dois momentos na esfera profissional.
Hoje, temos muito a questão de identificação com o ser humano, a empatia. Então, quando vou fazer uma reunião com alguém, se essa pessoa se veste igual a mim, já quebrou uma barreira.
“Dando um exemplo aqui, vou me consultar com um médico, está super bem alinhado, de terno com uma camisa bacana, isso dará uma sensação de que ele se cuida, sei que ele cuidará de mim. Existem algumas profissões que acho que são meio clichê: médico, advogado, engenheiro e assim por diante. Vejo que quando você agrada à pessoa aos olhos, está cheiroso, bem-vestido, você já começa a confiar mais nesta pessoa. Como vendedor preciso a todo momento vender o meu serviço, tenho que me adaptar ao meu cliente.”
Portanto, se sei que meu cliente é muito tradicional, um advogado, vejo no Instagram ou no LinkedIn, tem uma profissão muito clássica, indo a uma reunião com ele, usarei um estilo mais clássico também. Se o cliente é mais fashionista, mais casual, não irei de terno e gravata, provavelmente usarei uma camisa, um jeans e uma bota, por exemplo.
Então, como falei, a moda é uma estratégia de criar essa empatia com as pessoas, seja no profissional, ou se for sair de encontro de date; é você se adaptar ao local aonde vai e também agradar à pessoa que está junto também.
Voltando à pergunta, na questão empresarial, sempre quando for conhecer alguma pessoa, acredito que os leitores da Revista Meta são empreendedores, querendo se vestir com mais de poder, estamos falando do alto contraste, use sempre a terceira peça.
“Se puder dar uma dica, um terno, uma jaqueta por cima da camisa e tal, essas nuances sempre irão dar um pouco mais de credibilidade e mais poder para a pessoa.“
Estar elegante não faz mal a ninguém. Sair de casa bem-vestido, bem alinhado, asseado; dará uma postura diferente. Você se arrumou, está bonito, se sentindo bem. Depois que já está com esta autoestima, o restante acontece.
Revista Meta: Quais são seus planos profissionais para os próximos meses ou anos? O que você espera do futuro?
Rodolfo Kanematsu:“Sempre fui uma pessoa meio inquieta, no quesito de sempre buscar fazer algo novo. Entendo que a parte de influência digital, criação de conteúdo, consultoria de imagem, quero sempre continuar fazendo.”
A ideia hoje é conseguir escalar o meu business, de alguma forma, e obviamente será digital. Estou em parceria com um programador para criar uma plataforma onde consiga escalar o meu tipo de trabalho. Ainda não cheguei ao resultado que quero tocar exatamente, estou partindo deste princípio, fazer um projeto, uma plataforma onde consiga escalar os meus clientes. A consultoria de imagem é somente pela minha hora, e a criação de conteúdo também pelos meus seguidores.
Outra coisa: existe muita demanda para o homem brasileiro, fiz eventos com palestrantes onde conversamos sobre assuntos diversos relacionados ao homem. Falamos de moda, estilo, lifestyle, saúde física, mental e sexual. Penso em suprir essa demanda, vejo que existem muitos eventos desse tipo de saúde do corpo para a mulher, mas para o homem não tem e sei que estamos precisando desse tipo de evento também.
Outro negócio em questão, vender roupa, está um pouco mais embrionária, mas tenho a intenção de criar uma marca de roupa.
O mais legal, no final das contas, como o meu trabalho é muito pessoal e customizado para cada cliente, acredito que cada pessoa tem uma personalidade diferente uma da outra, então é ruim quando você vai a um lugar e encontra alguém vestindo as mesmas roupas que você. Portanto, essa questão de escassez e valor agregado será maior e proporcionará exclusividade.
A roupa é uma ferramenta de se pertencer a um lugar. Quando você está vestido de uma certa maneira quer dizer que faz parte daquele grupo. Observo que nos dias de hoje, muitos homens se sentem desconfortáveis ao comparecer a um lugar que se assemelha a todos.
Para as aqueles que se importam acabo, obviamente, entregando um conteúdo e um serviço de valor.