Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) de São José dos Campos orientou organização de evento universitário a proibir participação da empresa, convidada quase um mês antes
A Psyche Aerospace, startup brasileira que desenvolve tecnologias aeroespaciais, foi desconvidada de última hora de um painel na Semana de Engenharia do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). O episódio gerou questionamentos sobre o incentivo à inovação no setor aeroespacial brasileiro.
Convidada é desconvidada sem motivo
O painel, intitulado “Como será o futuro dos empregos e negócios com Large Language Model e Artificial General Intelligence”, aconteceu na noite da última quarta-feira (15) na Semana de Engenharia do ITA. A Psyche Aerospace, que havia sido convidada quase um mês antes do evento, foi desconvidada apenas dez horas antes da sua apresentação.
“Recebemos uma mensagem do organizador dizendo que o IPEV (Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo) aconselhou que o painel acontecesse sem a participação da Psyche, a pedido deles e do jurídico do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial). Que era bom que eles (ITA) cancelassem com a nossa empresa”, relata Gabriel Leal, CEO e fundador da Psyche Aerospace, indignado.
Frustração e Questionamentos
O cancelamento da participação da Psyche Aerospace frustrou as oportunidades de networking e colaboração da empresa. Além disso, levantou preocupações sobre a falta de apoio e transparência no setor aeroespacial brasileiro.
“Nós travamos agenda, concordamos em contribuir financeiramente com a organização, estávamos na expectativa de conhecer e contratar profissionais lá e agora estamos sem entender nada”, afirma Leal.
Em seu relato, feito em uma rede profissional, Leal expressou sua decepção com a situação e questionou a falta de incentivo ao fomento do setor aeroespacial brasileiro. “Se o ITA, que é uma instituição tradicional, não abre as portas para a inovação, como podemos esperar que o setor cresça?”, questiona.
Apelo ao Reitor do ITA
Leal também fez um apelo direto ao Reitor do ITA, Antonio Guilherme de Arruda Lorenzi, questionando se estava ciente do ocorrido e qual seria sua posição diante do incidente.
Apesar do ocorrido, Leal reiterou sua dedicação ao setor aeroespacial brasileiro. “Não sou engenheiro formado pelo ITA e não dependo do Estado para empreender na indústria, mas acredito no potencial do Brasil nesse setor e continuarei lutando por ele”, afirma.