A banalização do bilhão, quando números grandes perdem o significado
Nem mesmo os mais desatentos brasileiros deixariam de notar que a palavra bilhão (ou seu plural bilhões) faz parte da rotina de jornalista e políticos. “Governo tem rombo de R$ 230 bilhões”. “Fundo Eleitoral tem verba de R$ 4,9 bilhões em 2024”. O bilhão, como se pode perceber, virou conversa de padaria, como se fosse possível comprar um pão na chapa e um pingado com tal valor.
São tantos pingados e pães na chapa, que nem a imaginação do mais criativo cidadão seria capaz de entender. A questão é que quase nenhum de nós tem a verdadeira noção do que seja um bilhão quando se refere a qualquer coisa, menos ainda quando escrita em forma de cifrão. A vulgaridade com que a mídia e os políticos tratam o numeral, lhe tiram o brilho, como se fosse algo corriqueiro, qualquer, talvez para que ninguém se importe quando bilhões forem retirados dos orçamentos da saúde ou da educação. Mas, não é.
Para efeito de comparação, o matemático americano John Allen calculou a diferença de forma que seja mais simples sua compreensão: um milhão de segundos correspondem a menos de doze dias, enquanto um bilhão de segundos está perto de 32 anos. Ou seja, a diferença é enorme e muito significativa, mais ainda quando se trata das manchetes dos jornais.
Além da casa própria, o sonho do brasileiro é ser milionário. Com bastante esforço e dedicação, é possível alcançar este patrimônio, que hoje não representa tanto dinheiro assim (um apartamento razoável num belo bairro de uma cidade média/grande custa mais que isso). Difícil mesmo é se tornar um bilionário. Em 2022, eram apenas 280 no Brasil.
Por isso, precisamos trazer de volta a importância de tal valor, para não sermos feitos de bobo: um orçamento de R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de reais), se bem executado, pode transformar a vida de dezenas de milhares de pessoas.
Haja zeros para apenas um número um.