Quando os “nãos” são trampolins para o fortalecimento do seu sonho
Quando Priscila nasceu, seu irmão mais novo já tinha 10 anos e suas irmãs eram bem mais velhas; então em sua infância teve apenas a companhia de seu irmão, e diversão era jogar futebol. Aos seis anos, assim que disse aos pais que queria estudar em uma escola específica para futebol feminino, sofreu bastante o preconceito desta modalidade do esporte.
Em casa, continuou brincando com o irmão e na escola jogava escondido dos pais, havia uma dualidade em sua vida nesse momento, pois embora estivesse envolvida em uma atividade que lhe trazia muita alegria, tinha a sensação de estar desobedecendo seus pais.
Logo quando teve condições financeiras e saiu da casa dos seus pais, o sonho de jogar futebol ressurgiu. “No momento, tudo depende de mim. Não devo nada aos meus pais e família”, pensou, expressando seu respeito.
Com a independência e competências adquiridas na faculdade de Ciências da Computação e na pós-graduação em Administração de Empresas, decidiu investir no seu sonho de criança e a escola de futebol feminino pode contar com estes conhecimentos. Apesar de ter fundado sua Escola em 2016, apenas em 2023 deixou o regime CLT.Antes de tomar forma, desenhou seu plano de negócio, já em 2015, o que continua a contribuir para o sucesso da escola hoje.

A ideia de primeiro momento era criar um projeto para o lazer e não empreender, no sentido de gerar renda.
Lançou então um Google Forms solicitando que as mulheres preenchessem e com compartilhamentos, (em torno de 3 dias) conseguiu 48 inscrições de mulheres interessadas na ideia de formarem um time de futebol feminino com o intuito de aprender o esporte.
Em posse das respostas, procurou patrocínios em vários clubes e até mesmo órgãos governamentais da cidade, porém não obteve êxito.
As respostas sempre eram as mesmas: “Ah, não existe esse tanto de mulheres querendo jogar futebol feminino aqui na cidade, elas preencheram somente para te ajudar, mas não irão aparecer”.
A escola foi iniciada com muita coragem e resiliência mesmo sem ajuda e/ou patrocinadores, mais precisamente em 25 de janeiro de 2016, primeiramente com uma turma adulta. E hoje, com cinco professores, existem turmas todos os dias em 4 lugares espalhados pela cidade.

“A principal decisão de empreender, mais especialmente para mulheres, é não desistir e ter determinação; importante também que seja algo que faça seu coração vibrar porque se você focar em algo que não gosta, não terá o “gás” para transpor os grandes desafios que é empreender. Passar por aqueles que estão torcendo contra, por quem não te incentiva. Porém, ao ter aquele sentimento verdadeiro, quando você acredita no seu sonho 100%, sai passando por cima de tudo e de todos.” declara Priscila.
Para 2023 o grande desafio é principalmente para as meninas crianças, incentivar os pais a investirem desde cedo nos sonhos de suas filhas.
Fazer o melhor para essas meninas é uma maneira de realizar o seu próprio sonho; por não ter desfrutado da oportunidade, nem a chance de talvez ter seguido a carreira de jogadora de futebol, jogado em times grandes e na seleção.
Todos os seus esforços e da escola são que essas meninas tenham essa oportunidade. Se conectar a escola: “Quer jogar futebol feminino” pode ser através da internet, nos canais de redes sociais. Os requisitos são: interesse e disposição em jogar o futebol feminino.
Dentro da escola existe uma rede de apoio entre as alunas, cada uma com histórias de vida com muitos traumas, vícios, e lutas diferente umas das outras, até mesmo uma crise de ansiedade ou depressão. Conforme frequentam as aulas, constroem laços de amizade e companheirismo, ajudando-se mutualmente. Formam-se amizades para a vida e uma grande rede de apoio.
Como escola, existe também a observação dos professores, parcerias com nutricionistas e fisioterapeutas, bem como outros profissionais qualificados de várias áreas para ajudarem no que for necessário essas mulheres. Atualmente, a escola se mantém através do pagamento da mensalidade de cada uma, sem nenhum grande patrocinador.

Sua meta é fazer com que mais mulheres e meninas acreditem que o futebol também é um esporte para elas, que se sintam acolhidas, em um ambiente seguro e agradável. Que não se sintam como me senti quando pequena: “estou fazendo a coisa errada, porque estou desobedecendo meus pais, esse espaço não é para mim, não pertenço a esse lugar.”
Que a gente quebre esses conceitos e sentimentos emocionais negativos.