A união do Agro com o setor aeroespacial

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Paixão pelo setor aeroespacial para resgatar o orgulho nacional

Gabriel Leal, 23 anos. Natural de Livramento de Nossa Senhora, na Bahia. Um jovem apaixonado pelo estudo e pesquisas espaciais.

Desde criança, Gabriel sempre teve fascínio pelo desconhecido e pelo infinito universo da ficção científica. Sua curiosidade o levou a mergulhar ainda mais nesse mundo, buscando aprender tudo o que podia sobre as incríveis descobertas e teorias que envolvem o setor aeroespacial. 

Com uma mente brilhante e determinação inabalável, ele se dedicou a estudar as áreas relacionadas ao campo das explorações espaciais. 

Seu entusiasmo contagiante e conhecimento profundo, contribui para os avanços científicos, e inspira outras mentes curiosas a se aventurarem no vasto universo científico. 

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Revista Meta: Sua história começou no agronegócio?

Gabriel Leal: Sou a 4ª geração do agronegócio. 

Tudo começou com meu bisavô, que se lançou em alguns empreendimentos na área de fruticultura e outros negócios. Seguindo seus passos, meu avô se dedicou à pecuária e à produção de laticínios. Ele também explorou o mundo do cultivo de frutas, especializando-se em mangas e maracujás.

Dando continuidade a esse legado de experiência agrícola, meu pai seguiu exatamente os passos do meu avô, se dedicando à pecuária e fruticultura. No entanto, decidi seguir um caminho um pouco diferente, saí da produtividade da matéria-prima do agro e escolhendo o setor aéreo espacial com o agronegócio permanecendo como meu principal cliente. O agro focado em grãos, cana-de-açúcar e energia.

Após mudar para São Paulo, desenvolvi softwares para compra e venda autônoma de automóveis. No entanto, esse empreendimento não me satisfez, o que me levou a mudar para São José dos Campos -SP, e fundar a Psyche Aerospace, há um ano.

Revista Meta: Gabriel, como começou sua história na

área tecnológica?

Gabriel Leal:Meu primeiro contato com a área tecnológica foi na infância, aos 5 ou 6 anos, quando ganhei meu primeiro computador. Na época não programava no computador. Acessava muito a internet, criava websites e jogava bastante. Mais tarde, aos 13 – 14 anos, comecei a me interessar pela programação de software e tecnologia. 

Sempre fui amante do espaço, por questões que não existem respostas, programas de ficção científica e super-heróis. Também muito fã do Steve Jobs. Inclusive, sonhava em ter um iPod de fundo cromado. Curiosamente, dois meses após a sua morte em outubro de 2011, ganhei o iPod. Foi um momento marcante para mim, pois sou fã da Apple. Gostava de assistir às palestras dele.

A cosmologia também sempre foi um assunto fascinante para mim, acredito que para muita gente aqui no Brasil. Carl Sagan e Neil deGrasse Tyson foram dois grandes homens renomados na área. Quem nunca assistiu à série Cosmos? Quem nunca assistiu, já ouviu falar ou já viu algum corte. 

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Revista Meta: Você tinha um plano em mente quando saiu de casa tão jovem? 

Gabriel Leal: Sim, com 12 para 13 anos já sabia o que queria fazer. Havia uma pressão e expectativa dentro de casa que tinha que ser médico. Minha irmã faz medicina, meu primo é médico. Por eu ser o neto mais velho do lado do meu avô, a ideia era que eu fosse o primeiro doutor da família. Sempre falei que não queria ir para faculdade, por isso sempre desviei a conversa desse assunto. Desde o início, sabia que era um empreendedor.

Empreendedor tem uma questão, o sucesso dele é uma impossibilidade na quantidade de números, de chance que tem para atingir o sucesso. Se ele tenta uma vez, é impossível ter sucesso, se tentar dez, existe uma chance mínima. Quanto mais tentar, mais chance de acertar. 

Isso, até na questão da probabilidade, é um pensamento um pouco errado; é o que falam da Mega-Sena, quanto mais se joga, mais chance tem de acertar. E não é bem assim. 

No entanto, no mundo do empreendedorismo é verdade, pois existe uma variável que não existe nos jogos de azar, que é o aprendizado. O empreendedor aprende, fica mais experiente, sabe por qual caminho não deve seguir. Assim, aumenta a chance de sucesso. É como se na Mega-Sena você soubesse que o número1 com certeza não irá sair, elimina-se o número. Assim, eliminando os números com certeza seria mais uma referência.

A grande chave da minha vida virou quando decidi morar sozinho. Li uma frase esses dias que me identifico bastante: “A diferença entre um menino e um homem: um menino confia em seus pais, alguém a quem ele sempre pode recorrer e com quem pode ligar a pedir ajuda. Por outro lado, um homem é alguém a quem os outros recorrem quando precisam de ajuda”.

Felizmente meus pais estão vivos. Porém, não podia ligar para eles quando fui morar sozinho, pois estavam longe. Naquela época, não tínhamos o PIX. Então, usávamos o TED, que exigia um custo e representava 30% do valor total por transação. Transferências após as 16h ou nos fins de semana eram impossíveis. Portanto, foi onde comecei a aprender a administrar grana de forma eficaz e a trazer as responsabilidades para dentro de casa.

Imaginem, estava com 14 para 15 anos, fui morar sozinho em outra cidade e meu pai estava na fazenda a cerca de 400 quilômetros de onde minha mãe mora. Sem WhatsApp na época, assim, mergulhei na independência. Isso foi a grande mudança. Foi ali que comecei com o sentimento do empreendedor. Pensei: “tenho que fazer alguma coisa que dê certo, porque não tenho alternativa”.

Ser dependente dos pais faz com que se sinta confortável e à vontade na casa deles. Tenho amigos na Bahia que ainda moram com os pais, apesar de serem adultos, eles costumam falar sobre seus planos e aspirações, mas raramente tomam alguma atitude real para alcançá-los. Essa falta de motivação decorre do fato de não terem a necessidade de levar as coisas a sério, apesar de serem de classe média ou baixa. 

Inclusive, essa é a minha opinião. O problema do brasileiro não é que ele é preguiçoso, principalmente do baiano, é porque ele é confortável, está satisfeito com a vida que tem. Nunca podemos pensar assim. Não podemos estar satisfeitos com a vida que temos. Temos que estar toda hora com a “pulga atrás da orelha” de tudo que fazemos. 

É totalmente diferente de não valorizar as pessoas que estão com você e os momentos que vive. Porém, você não pode ficar satisfeito. A partir do momento que fica satisfeito com algo, você irá estagnar. Isso é 100% de certeza. Acredito que esse foi o grande passo que dei, ajudou muito o meu desenvolvimento. 

Resumindo, saí de casa quando tinha mais ou menos 15 anos e já tinha planos claros do que faria. Seria empreendedor. Tinha um planejamento de fazer alguns negócios aqui no Brasil, depois me mudar para os EUA. Porém, no decorrer do tempo o desejo de me mudar diminuiu. Resolvi desenvolver meus projetos no Brasil. 

Desenvolvi vários outros negócios, explorando diferentes locais. No entanto, em um dia fatídico, deparei-me com São José dos Campos – SP, onde consegui encontrar tudo aquilo que queria e é ótimo, porque sempre foi a minha visão. 

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Revista Meta: Como foi a escolha de São José dos Campos – SP para ser a base da Psyche Aerospace?

Gabriel Leal: É fácil. No Brasil, temos um problema de concentração do capital intelectual, diferente dos Estados Unidos. Vou fazer um paralelo, para entender o presente, é importante lembrar a história.

Nos EUA nos anos 60, Wernher von Braun e James Webb lideraram o programa espacial para a corrida à lua. Eles precisavam de apoio financeiro sem precedentes na história para um objetivo incerto em que a chance de dar errado era 96%, pouca garantia de sucesso.

Eles criaram uma narrativa com o objetivo principal de aproximar o setor espacial da população. Concentrar-se apenas em lançar e testar foguetes, gastando muito dinheiro com milhares de funcionários, não faz com que os 300 milhões de habitantes do país se sintam parte do programa ou percebam que ele é benéfico.

Resumindo, para obter apoio no Congresso e garantir verbas, é necessário o apoio da população. Uma estratégia utilizada, o que deixou a NASA ineficiente até hoje, foi espalhar fábricas de partes da linha de produção do Saturno 5, por exemplo, em base de desenvolvimento, pelos 49-50 estados americanos.

Então, em cidades pequenas como Montana e Missouri, eles colocavam para fabricar um parafuso do Saturno 5, consequentemente isso matava a questão dos custos. O Saturno ficou muito caro, por se ter uma logística muito grande. 

 Qual foi a vantagem? Um operário, que trabalhava na cidade de 50 mil habitantes, falava: “faço parte do programa espacial americano.” Se você perguntasse para a mulher dele: você apoia esse gasto de dinheiro do programa espacial americano? Ela falava, sim, porque meu marido trabalha no programa e estamos sendo beneficiados. 

Isso foi a grande sacada que fizeram para conseguir os 100 – 200 bilhões de dólares na época. O valor arrecadado foi maior que o orçamento militar dos EUA, que hoje é quase um trilhão de dólares. Quando eles fizeram todo esse movimento, conseguiram muito apoio da população, foi o “gás” que precisavam para chegar à Lua. 

Aqui no Brasil, temos um problema exatamente o inverso. Qual é o problema? É que ao invés da ideia aeroespacial estar pulverizada, está extremamente concentrada em uma cidade. Se você sair de São José dos Campos – SP, ninguém sabe nada. 

A cidade possui uma bolha aeroespacial com empresas como ITA, INPE e Embraer. Apesar disso, há poucos empreendedores locais e muita dependência do Estado. Entretanto, tem uma peculiaridade que é a mentalidade das pessoas que estão aqui. São pessoas que querem construir algo, têm esse mindset de cultura de ir para fora do Brasil, ver o

que foi construído lá, voltar e tentar construir aqui.

Morava em São Paulo na época, o meu plano era ir para os Estados Unidos, não era continuar no Brasil. Porque a ideia de abrir uma empresa aeroespacial no Brasil parecia inconcebível. 

Um dia, conversei com um amigo sobre um projeto ambicioso, como a Psyche, que na época não estava relacionado a drones, mas era focado na mineração de asteroides. Ele sugeriu que eu visitasse São José dos Campos. Motivado pela recomendação, decidi conhecer a cidade.

Chegando, visitei: o museu aéreo espacial brasileiro próximo ao aeroporto, avistei vários E2 da Embraer estacionados; o centro da cidade; o Parque de Inovação Tecnológica São José dos Campos – PIT. Fiquei literalmente apaixonado. 

Informei-me no PIT, sobre como ingressar no parque e soube que haveria um processo para startups nos próximos meses. Voltei a São Paulo com uma meta. Fui direto para o escritório à noite, imprimi todos os editais anteriores do PIT, totalizando cerca de 1.400 – 1.500 páginas.

Disse: “irei estudar, traçar todas as variáveis e todos os resultados preliminares, primeira e segunda fase, quem foi aprovado, qual foi o critério que utilizaram, qual o peso de todo o critério e quais os setores que dariam maior notoriedade.” 

Percebi que queriam muito aeroespacial. No entanto, não havia muitas startups em Aerospace com modelo de negócio. Ficou claro para mim que contavam mais o modelo de negócio que tecnologia. Porque, se você tem um bom modelo e uma boa visão de negócio; a tecnologia, querem que desenvolva dentro do parque. Essa é a sacada do PIT. 

Resolvi minha vida em São Paulo, no período de seis meses. Fiz reuniões com vendedores de capital, investidores, assessores de investimento, engenheiros e outras pessoas para criar um modelo de negócio a fim de entrar no parque tecnológico e fazer um downgrade do projeto de mineração de asteroides.

Durante uma visita à Bahia, conversei com um amigo sobre minha aspiração de  aventurar no campo aeroespacial. Ele sugeriu que considerasse ir para os Estados Unidos, porém mencionei o PIT como uma opção viável. Sem me deixar abater, assegurei-lhe que isso era de fato possível.

Como tenho vários projetos com vários nomes, me perguntaram em qual projeto iria aplicar. Sem hesitar, respondi com o projeto Psyche. Consigo criar um modelo de negócio com base tecnológica semelhante. Isso me permitirá gerar receita em um ano e, por fim, expandir para a mineração espacial. Coloco o nome da empresa de Psyche Aerospace, para nunca perder a direção para onde estou indo.

Ninguém me apoiou na época. Diziam que meu empreendimento era loucura e improvável de ser aprovado. Meu pai me apoiou. Muitos aconselharam que me concentrasse em São Paulo e abandonasse meu objetivo ambicioso. Argumentavam que conseguir financiamento seria difícil e duvidavam da minha credibilidade. Por ser baiano, em São Paulo, não tínhamos renome ou influência. Tudo bem, é a visão que eles têm, é por isso que não são bilionários. 

Morava em São Paulo, em um apartamento com várias janelas. Ali, frequentemente, pegava a caneta piloto, colocava o fone de ouvido e passava as noites escrevendo nos vidros. A faxineira me odiava, porque ela queria limpar o vidro e eu não deixava. Quando estava no chuveiro, não conseguia resistir a anotar ideias no box. (risos)

Estava na fase de brainstorm absurda, tomei uma decisão ousada de deixar o escritório. Farto da rotina, decidi abraçar um novo caminho. Com algumas economias em mãos, embarquei nessa jornada empreendedora. Esse momento de brainstorming é crucial na vida do empreendedor. 

Abrindo um parêntese, hoje, não estou no meu momento brainstorm. Hoje, ele é zero, estou na empresa para resolver problemas, estou no automático, não tenho nenhum tipo de ideia nova. Porque as ideias já tive, agora estou no momento de concretizá-las depois que tudo estiver rodando, preciso sentar e me dedicar um ou dois meses fora para um brainstorm, pensando em vários aspectos e visualizando novas oportunidades. Essa habilidade é algo que todo empreendedor precisa ter para obter sucesso.

Por fim, foi um momento que explodiu minha mente, comecei a conversar com várias pessoas. Durante esse período, conversei com aproximadamente 90 a 100 engenheiros por mês. Ouvi uma infinidade de experiências e ideias. O interessante é que a maioria dos engenheiros expressava a crença de que criar algo extraordinário era de fato possível. Isso me fez refletir: como eu poderia dar um step back, um passo atrás e desenvolver um conceito inovador? Foi então que a ideia de drones e tecnologias semelhantes tomou forma em minha mente.

Foi tiro certo. Em seis meses de processo seletivo, passamos na primeira e segunda fase. No resultado, havíamos passado.

Estava ciente que precisava vir para São José dos Campos, para o PIT. Foi isso que me fez escolher São José dos Campos como meu destino. Entendi que aqui teria todos os engenheiros necessários e principalmente, uma cultura aeroespacial arraigada para concretizar o projeto. Não existe nenhum outro lugar do Brasil e que eu queira ficar.

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Revista Meta: Qual sua visão do empreendedorismo em São José dos Campos – SP?

Gabriel Leal: São José dos Campos é uma cidade maravilhosa, principalmente na parte de capital intelectual. É muito difícil encontrar em uma cidade com o capital intelectual que existe aqui. Porém, há uma falta muito grande de empreendedores e principalmente empreendedores na área de tecnologia. 

Como a cidade tem uma base muito forte de tecnologia, existe uma falta muito grande de empreendedores seriais para aproveitar toda essa massa de capital. Transformar isso em negócios e alavancar, principalmente na parte da tecnologia aeroespacial em que vemos 60 anos de diversas falhas, justamente por conta da falta de empreendedores.

É isso que a Psyche prega, empreendedores no setor de tecnologia e principalmente aeroespacial e é isso que pretendemos mudar com as referências que estamos criando para os próximos anos.

Revista Meta: A Psyche Aerospace acaba de comemorar seu primeiro ano. Você já imaginava que haveria essa repercussão?

Gabriel Leal: Não imaginava, porque foi muito orgânica. É aquela questão, temos que sentar, trabalhar, fazer o melhor e lançar para o mercado. Estou muito preocupado com o investidor e com o cliente. 

Assim, uma questão que fui aprendendo ao longo do tempo. Não somos uma empresa privada que está preocupada com nossos interesses. Temos uma responsabilidade com o agronegócio brasileiro e, principalmente, o setor aeroespacial em São José dos Campos – SP.

Quando cheguei, descobri São José dos Campos em dois dias. Estudei a história da Engesa – uma fatalidade. Ponto principal: 65 anos de história espacial. Cadê os bilionários do setor aeroespacial em São José dos Campos? Vejo pelos resultados. Temos o capital intelectual e a história. Isso me chamou a atenção.

Na época, disse: “vamos trabalhar com dinheiro 100% privado e na velocidade da luz.” Porque o setor espacial é muito lento. 

Somos uma empresa de software, no setor espacial. Estamos pelo menos umas 10 a 20 vezes mais rápido do que o setor médio mundial. Portanto, estamos muito acelerados e rápidos. Desenvolvendo aqui na empresa o maior drone agrícola do mundo. Tudo feito aqui no Brasil. 

Em consequência, estamos repercutindo muito na cidade e na região, contando com o apoio de várias lideranças. Nos tornamos uma referência restaurada no setor aeroespacial brasileiro. Nosso compromisso aqui é com as pessoas do Brasil que querem transformar o setor aeroespacial e o agronegócio junto conosco.

Temos um setor do agronegócio de um trilhão de reais, mas não vemos bilionários de outros setores, apenas fazendeiros. Por quê? Porque é um setor complexo de entrar. É difícil convencer os produtores. É necessário ter um argumento e um produto de qualidade. 

As pessoas de fora não sabem produzir porque não conhecem o outro lado. Então, como conheço o lado do produto do agronegócio e o lado da tecnologia, consegui “linkar” os dois e fazer o possível. 

O agronegócio está vivenciando algo sem precedentes na história da humanidade, o que está gerando grande entusiasmo entre as pessoas.

Revista Meta: Sobre os drones em específico, seu seguimento de interesse é apenas o agronegócio?

Gabriel Leal: Vou falar a minha visão e as coisas podem se desdobrar no caminho, porque não tenho bola de cristal para saber o que vai acontecer. O meu foco sempre foi construir credibilidade, já que não a tenho.

Porque, falar sobre mineração espacial é uma loucura, independentemente de quem fala. Se alguém desconhecido mencionar isso, interna esse doido. (risos)

Eu saberia que para conseguir o dinheiro para fazer isso, precisava ter credibilidade. E como teria credibilidade? Construindo drones para o agronegócio, ficando bilionário com isso e falando nosso foco aqui é fazer isso. A partir desse momento o pessoal irá olhar e falar: ele é louco? Sim, é louco! Porém, ele construiu um patrimônio bilionário em dois anos do zero”. O que diferencia o louco do gênio é o resultado.

Inclusive um cliente até ligou para um advisor do meu serviço e falou assim, “conversei com o Gabriel aqui e está tudo muito bom para ser verdade, ele é gênio ou louco?”. Ele falou: “um pouco dos dois”. (risos)

Então, meu foco é o agronegócio. Podemos faturar bilhões de reais com drones e belugas no mercado, nos tornando os mais ricos do Brasil. Conseguimos um patrimônio de 50 bilhões de reais facilmente com o que estamos fazendo.

Meu foco é não pivotar para nenhum outro tipo de área, porque não gosto de perder foco. 

Estava na Arábia Saudita e Emirados Árabes, e queriam que eu colocasse fábrica lá, mas não tenho interesse. Meu foco é no Brasil e no agronegócio. Acredito que a partir do momento que a Psyche Aerospace estiver estável na questão do agronegócio, vamos pivotar e começar a fazer exploração espacial. 

Acredito que não haverá muito foco para pivotar de área, exceto para o agronegócio. Talvez eu crie outro produto para o setor civil ou algo assim, estamos abertos a isso, porém nos próximos três anos não é nossa prioridade, porque ainda temos muito a fazer neste caminho.

Revista Meta: Apesar de ter o agro nas veias, é correto afirmar que sua paixão é a exploração espacial?

Gabriel Leal: Correto! É interessante como as pessoas não conseguem identificar o caminho para chegar lá. Se você não tem algo bem consolidado, é mais difícil abrir uma empresa espacial e ter sucesso imediato. Pois você não começa a lucrar cedo e acaba gastando muito dinheiro. Explorar espaço não é mainstream, algo comum.

Se eu te perguntar sobre como ganhar dinheiro com o espaço, provavelmente irá mencionar a fabricação e lançamento de satélites ou foguetes. No entanto, existem muitas outras possibilidades, especialmente na exploração de recursos.

Então, beneficiando a minha origem no agro, apesar de não ser do setor de grãos, a mentalidade e a abordagem são as mesmas. Aproveitando uma joia brasileira que não é explorada, acredito ser uma ótima oportunidade para fazer esses dois links.

Eu amo o agronegócio. A Psyche não é uma empresa do agronegócio, a Psyche é uma empresa aeroespacial que produz produto para o agronegócio, então assim, na época, até mesmo para apresentar para o Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos, eles não entendiam. Muitas vezes as pessoas confundem e pensam que somos uma empresa do agronegócio.

Não, literalmente, somos uma empresa aeroespacial. O produto que desenvolvemos para o agronegócio é somente um produto. Poderia ser militar, civil ou outros.

A minha paixão é explorar os recursos do espaço e temos uns 50 anos para fazer isso.

Revista Meta: Você já expressou sua paixão por mineração espacial. Ainda pensa nisso?

Gabriel Leal: Expresso todo dia minha paixão por mineração espacial, inclusive o nome da empresa, Psyche é em homenagem ao asteroide 16 Psyche, que é o asteroide troiano mais valioso do sistema solar. 

A paixão por mineração espacial e asteroides está estampada na cultura da empresa, também na própria identidade. O nome da empresa é exatamente pensado como um direcionamento para onde devemos ir. Esta profunda ligação à nossa missão ressoa em mim diariamente.

Revista Meta: Em que consiste exatamente a 

Mineração Espacial?

Gabriel Leal: Basicamente a mineração espacial consiste em sair da Terra e ir em direção aos asteroides, satélites como a Lua ou determinado planeta e começar a realizar a extração de recursos naturais que existem. Este processo permite o desenvolvimento de novas pesquisas e composições de materiais e novos produtos, o objetivo final é alavancar e popularizar em usos de grande escala, materiais que hoje são nobres. 

A partir disso, fazer uma expansão monetária através da quantidade de riqueza explorada. Pois, a partir do momento que a mineração é realizada, o limite monetário não é mais o nosso planeta e sim o universo.

Revista Meta: Por que acha que mineração espacial ainda não foi explorada em nosso país?

Gabriel Leal: Um dos principais motivos que não foi explorada no nosso país, não precisa nem ser mineração espacial, vamos falar primeiro de espaço. O primeiro é que tudo que se refere ao setor aeroespacial é concentrado em São José dos Campos -SP e nas mãos dos militares do Estado. E não precisa ser nenhum tipo de gênio para descobrir que tudo que depende do Estado não vai para frente, principalmente no Brasil. 

Então na minha opinião esse é o principal motivo, a dependência do estado. O estado não quer que você cresça, ele quer ter você na mão e te dar as “migalhas” para que você fique satisfeito.

Revista Meta:Qual a vantagem da Mineração Espacial?

Gabriel Leal: Não existe como descrever todas as vantagens que a mineração espacial pode trazer. 

Desde o aumento de renda per capita, extração de recursos, desenvolvimento de novas tecnologias, expansão monetária mundial, aumento de possibilidades, geração de empregos. Talvez, pesquisa para cura de doenças que não existem e não são possíveis hoje, materiais que às vezes não conseguimos construir algo porque estamos no limite da engenharia e não existem materiais , metais suficientes para desenvolver determinadas tecnologias. expansão civilizatória da humanidade.

A história do próximo grande passo é o que deixa todo esse segmento de mineração espacial tão atrativo para mim e para todo mundo que é apaixonado pelo setor. 

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Revista Meta: Qual a sua projeção para a Psyche Aerospace em 2024?

Gabriel Leal: Excelente pergunta, agora estamos nos testes finais do drone e tudo preparado para começar em janeiro a produção serial de três drones diários. A partir desse momento, vamos contratar 200 funcionários, dentre engenheiros, manufatura, logística, RH, operação; diversas pessoas.

Vamos começar a operar os testes nas propriedades de janeiro a fevereiro, e começar a operar realmente em março e a partir dali escalonar o máximo possível e inimaginável para finalizar o ano pulverizando aproximadamente 5 milhões de hectares, faturando mais de bilhões de reais e mais de 2 mil funcionários aqui em São José dos Campos – SP.

Revista Meta: Qual diria que é seu maior temor hoje?

Gabriel Leal: Perfeito, meu maior temor é ficar estagnado. Odeio comodismo, odeio estagnação. Conheci o Fernando de Mendonça, o qual foi o fundador do INPE, com 100 anos, trabalhando 6 horas por dia e fazendo negócios, pensando em 15 anos para frente. Quero ter essa força e vontade enquanto viver.

Para mim, não tenho medo da morte, tenho medo de ficar estagnado. É o momento que morri. 

Revista Meta: Qual sua meta pessoal?

Gabriel Leal: Minhas metas pessoais são várias. 

Tenho uma aposta com um amigo que é ser bilionário antes dos 30, antes dos 30 anos serei com certeza, não é nem preocupação isso mais. 

Porém, caso a Psyche for avaliada e meu patrimônio líquido for mais de um bilhão de dólares até outubro do próximo ano, serei e acredito que serei, o bilionário mais novo do da história do mundo, mais novo que o Zuckerberg, qualquer um, e com certeza também do Brasil. Tenho essa meta pessoal. 

Tenho a meta de explorar os recursos do espaço e fazer um filme de ficção científica a realidade. Ter minha família, cuidar da minha esposa e viver uma vida simples. Essa é a minha meta pessoal.

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