Quando pensamentos influenciam o corpo
O que você pensa, sente e repete todos os dias molda sua biologia. Emoções negativas e estresse crônico não afetam apenas o humor; eles desencadeiam reações químicas capazes de alterar o funcionamento do cérebro, do intestino e até da imunidade. A ciência hoje confirma o que um dos livros mais antigos e influentes do mundo já citava: mente e corpo são inseparáveis.
O cérebro é plástico, o que significa que ele se adapta ao que repetimos. Cada pensamento recorrente fortalece um circuito neural e cria um padrão. Quando vivemos em tensão constante, a amígdala, região ligada ao medo e à defesa, tende a ficar hiperativa, enquanto o córtex pré-frontal, responsável pela razão e pelo equilíbrio emocional, perde eficiência. O resultado é que reagimos mais, refletimos menos e ficamos suscetíveis a pensamentos que perpetuam o estresse.
O intestino, o “segundo cérebro”, é um dos principais alvos dessa sobrecarga. O estresse pode alterar a composição da microbiota, reduzir bactérias benéficas e favorecer o crescimento de microrganismos associados à inflamação. Com o tempo, há evidências de aumento da permeabilidade intestinal, o que facilita a passagem de componentes que ativam o sistema imune e alimentam processos inflamatórios. Cansaço, desconfortos digestivos e piora do bem-estar emocional podem surgir, alimentando um ciclo que conecta desequilíbrio físico e mental.
Romper esse ciclo exige consciência e treino. A reestruturação cognitiva, técnica da terapia cognitivo-comportamental, ensina a identificar e questionar pensamentos automáticos negativos, substituindo-os por interpretações mais realistas e equilibradas. É um exercício diário da mente que, com o tempo, fortalece novas conexões neurais e reduz o poder dos antigos padrões.
O Apóstolo já dizia: “Tudo o que é verdadeiro, nobre, correto, puro, amável, de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, nisso pensai.” A neurociência moderna apenas confirma: o foco do pensamento transforma a biologia e orienta nossos caminhos.
Para sustentar esse equilíbrio, a nutrição é uma aliada poderosa. O ômega 3, presente em peixes gordos, nozes e sementes de linhaça ou chia, ajuda a modular a inflamação e favorece a comunicação entre neurônios. O magnésio, encontrado em folhas verdes, abacate e sementes, contribui para o relaxamento e para um sono mais reparador. Probióticos e prebióticos fortalecem o eixo intestino-cérebro, enquanto vitaminas do complexo B e vitamina D participam da produção e do funcionamento de neurotransmissores. Compostos como a L-teanina e o triptofano podem favorecer foco, calma e bem-estar. Quando necessário, a suplementação deve ser individualizada e orientada por um profissional de saúde.
Cuidar da mente e do intestino é um mesmo ato de autocuidado. Quando nutrimos o corpo com alimentos de verdade e cultivamos pensamentos saudáveis, criamos um terreno fértil para que a biologia trabalhe a nosso favor. Saúde é o reflexo diário da forma como pensamos, sentimos e nos alimentamos. Esse alinhamento interno que se traduz em escolhas concretas e, com elas, em vida em abundância.
Para refletir: Assim como pensas, tu és.
Ana Carolina Lenzi, ou Carol Lenzi como é chamada, é uma nutricionista funcional com uma carreira sólida de 20 anos de experiência em consultório. Apaixonada pela nutrição e pelo intrincado funcionamento do corpo humano, ela se dedica a explorar as profundas conexões entre o corpo e a natureza. Com uma visão que valoriza a unicidade de cada indivíduo, Ela acredita fervorosamente que a nutrição tem o poder transformador de mudar vidas.



