O peso de viver a ansiedade

Como acalmar a mente pode ser o segredo para silenciar a fome emocional e transformar sua relação com a balança — sem dieta radical

Quando o foco fica mais calmo, a fome tende a perder força. Você já reparou como a fome parece ganhar superpoderes quando a ansiedade dá as caras? É como se o corpo batesse o martelo: agora só serve algo rápido, cremoso, doce, crocante. Não é falta de força de vontade; é biologia. Em momentos de estresse, seu organismo libera hormônios que favorecem a busca por energia imediata. O problema é quando isso vira rotina: belisca à tarde para “acalmar”, compensa à noite, acorda culpado no dia seguinte e recomeça prometendo “agora vai”. Só que privação, autocobrança e café demais tendem a alimentar o ciclo, não a solução.

Uma saída mais inteligente começa no básico. Comer de verdade, com proteína e fibra nas principais refeições, regula saciedade e humor. Estabelecer horários aproximados diminui picos de fome. Dormir melhor reduz a vontade de açúcar. Reduzir um pouco a cafeína já resolve metade da inquietação de muita gente. E mastigar sem o celular na mão é uma forma simples de avisar ao cérebro: está vindo comida, pode relaxar. A ansiedade talvez não suma, mas a forma como você responde a ela muda a conversa com a comida.

Há também estratégias com boa evidência para ajudar. Vamos explorar algumas:

 L‑Teanina: Foco sem agitação

A L‑teanina, um aminoácido do chá verde, tem sido estudada por promover relaxamento sem sedação. Na prática clínica e em ensaios, doses de 200 a 400 mg/dia costumam reduzir tensão e aquele ruído mental que empurra para o belisco constante. Algumas pessoas sentem benefício com 200 mg antes de situações mais estressantes e outras preferem dividir ao longo do dia. É uma das opções mais “limpas” para quem quer foco mais calmo. Há também que use junto com o café para reduzir os efeitos colaterais da bebida e melhorar ainda mais o foco e a atenção;

 Extrato de Açafrão (Crocus sativus L.): Dupla ação para humor e apetite

O extrato de açafrão merece atenção especial. Para apetite e controle de beliscos, estudos com o tipo Saffrin/Satiereal apontam um uso típico de 176,5 mg/dia, fracionado em duas doses. Já para humor e ansiedade, outros extratos são frequentemente estudados entre 28 e 60 mg/dia. Ou seja, há dois “modos de uso”: um mais voltado a saciedade, outro a humor. A escolha depende do objetivo e vale discutir com um profissional.

 Passiflora e Melissa: Calma para o fim do dia

A passiflora (maracujá) tem histórico no alívio de inquietação e tensão leve, ajudando a evitar aquele mergulho pós‑jantar na despensa. Já a melissa (erva‑cidreira) costuma trazer uma calma suave e melhora do sono em quem vive em estado de alerta. Muita gente percebe que, dormindo melhor, a vontade de doce no dia seguinte cai naturalmente.

Complexo B: A infraestrutura do cérebro

Vitaminas do complexo B participam da produção de neurotransmissores. Em pessoas com dieta irregular ou estresse crônico, garantir um bom complexo B pode ser um “seguro” nutricional para o cérebro funcionar com mais estabilidade. Não é um calmante; é a base metabólica.

Magnésio: O mineral do relaxamento

Envolvido na modulação do estresse, do sono e da sensibilidade à insulina, ele pode suavizar a agitação que leva ao belisco. Doses de 200 a 400 mg de magnésio elementar (em formas como bisglicinato ou quelado) são as mais usadas, preferencialmente à noite.

Tudo isso é coadjuvante. Se as refeições seguem caóticas, se o sono é sempre curto e se a culpa dita as regras, nenhum suplemento “conserta” o dia. Por outro lado, quando o básico entra nos trilhos, esses recursos podem ser a diferença entre “eu não consigo” e “hoje foi mais fácil”.

Resumo prático para começar hoje: Proteja sua primeira refeição com boa quantidade de proteína, inclua fibras no almoço e jantar, diminua o café a tarde, caminhe dez minutos após a refeição mais pesada e, se for o caso, escolha um único suplemento bem indicado para seu objetivo. Consistência bate perfeccionismo.

Precauções importantes: Converse com seu médico ou nutricionista antes de iniciar qualquer suplemento, especialmente se você usa medicamentos para ansiedade, depressão ou insônia. Interações podem ocorrer. Gestantes, lactantes e pessoas com condições de saúde específicas (como doença renal) precisam de avaliação individual e devem evitar fitoterápicos.

Ana Carolina Lenzi, ou Carol Lenzi como é chamada, é uma nutricionista funcional com uma carreira sólida de 20 anos de experiência em consultório. Apaixonada pela nutrição e pelo intrincado funcionamento do corpo humano, ela se dedica a explorar as profundas conexões entre o corpo e a natureza. Com uma visão que valoriza a unicidade de cada indivíduo, Ela acredita fervorosamente que a nutrição tem o poder transformador de mudar vidas.

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