A dança é um instrumento de transformação social, cultural e de fé

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Foto: Daniela Cruz | Click Business

A expressão artística é latente ao ser humano, nascemos com ela e em busca dela!

Sara Müzel tem 36 anos, é esposa, mãe, empresária, artista, bailarina e professora.

Expandiu seus nos negócios ao lado do marido e parceiro; hoje é proprietária da Sara Müzel Academia de Dança.

Começou cedo a vida de empresária, herdou de sua mãe uma visão especial para as artes, amor pela educação por princípios, gosto pela moda, e a vontade de empreender.

Revista Meta: Quem é a Sara Müzel?

Sara Müzel: Nasci em Santana região norte de São José dos Campos – SP, sou a filha mais velha de uma família classe média baixa, com pais muito trabalhadores e esforçados.  Minha mãe sempre morou na região de Santana, meu pai veio de São Paulo, se casaram e começaram a vida nessa região.

Sou feliz, curiosa, de valores conservadores, engajada nas missões que a vida me dá, sempre em movimento.

Amo as artes e em especial a dança. Acredito que as artes são expressões latentes ao ser humano, e que a dança é uma expressão profunda da cultura de um povo, acredito que todo corpo dança, que Deus é o artista supremo e a arte deve ser usada como um instrumento de transformação social, educação e fé.

Revista Meta: Como a dança entrou em sua vida?

Sara Müzel: Nasci dançando como diz a minha mãe, e com incentivo dos meus pais comecei a dançar na igreja aos 8 anos, frequentei alguns cursos livres em São Paulo, tive acesso à Fundação Cultural Cassiano Ricardo, e somente aos 13 anos iniciei as aulas de ballet de forma mais sistemática na escola. Mas foi o ambiente cristão que me proporcionou muitas oportunidades e experiências em grandes congressos e conferências cristãs de artes e liderança em todo o Brasil.

Aos 17 anos já havia adquirido uma bagagem grande de conhecimento e iniciei minha vida profissional nesse contexto, com o apoio e reconhecimento de pessoas importantes à minha volta.

“A independência de criar e gerir o meu próprio trabalho sempre me motivou a empreender com capital próprio e sem sociedades. Como bailarina dancei em muitos lugares e vi no ensino da dança uma grande oportunidade para iniciar meu trabalho como profissional!”

Revista Meta: Sempre existiu o desejo de viver da dança?

Sara Müzel: Nunca achei que viveria somente da dança, e continuo não achando.

Sempre achei que além da dança, precisaria fazer mais coisas, até porque também amo outras áreas. Desde pequena sempre gostei de dançar como bailarina, acho que tudo nasceu desse ponto, me apaixonei pelo ensino de qualidade, mas também sempre gostei de ser a dona de alguma coisa. Brincava de ser dona de tudo! Já passei por um período onde a escola ou as aulas, antes de montar a academia eram minha única receita financeira, porém isso mudou, quando explorei outros talentos nos negócios.

Em casa ajudei a cuidar dos meus irmãos, ajudava os meus pais em casa, tenho essa veia empreendedora também, sempre fui a dona da lojinha, sabe (risos).

Minha mãe trabalhou com educação, se formou no magistério, depois fez o primeiro cursos de Moda do SENAC em São Paulo quando eu ainda era bebê, depois disso minha mãe engatou um trabalho atrás do outro na área comercial e meu pai teve um táxi tudo isso por uns 20 anos e eu via a luta diária deles no trabalho, e o esforço em proporcionar a mim e aos meus irmãos a melhor educação que podiam, se esforçavam muito em um repertório apurado de cultura, experiências e educação. 

Minha mãe sempre teve uma visão artística muito grande, a família dela tem uma visão artística bem apurada, mas nunca teve direcionamento para empreender.

Nós como família éramos muito envolvidos na igreja, mas a minha mãe não podia participar tanto, porque estava sempre trabalhando muito na área comercial, sei que não era fácil para ela não poder estar mais presente; vendo tanto esforço dos meus pais isso me fazia refletir como eu poderia na fase adulta ter um trabalho flexível e que pudesse dar atenção a outras áreas da vida.

Revista Meta: Você trabalhou em alguma outra área?

Sara Müzel: Nunca trabalhei CLT, sempre trabalhei fornecendo meus conhecimentos e curadoria do que eu chamo de lifestyle, no que acredito na área do ensino, além da escola de dança, estou estruturando uma marca lançada no mercado, chamada Maison Essence Brand.

Realizamos um teste de mercado com a marca em dezembro de 2021 até meados de 2022 e foi sucesso com peças esgotadas, vendas realizadas principalmente na capital paulista. Além disso, apoio meu esposo nos negócios dele, posso dizer que estar na escola, dentro da sala de aula em contato profundo com a dança e as artes alimenta a alma e a criatividade para os demais negócios.

Revista Meta: Montar sua própria academia de dança foi sua primeira opção ou trabalhou em outras academias?

Sara Müzel: Basicamente foi a minha primeira opção. 

Comecei os estágios como professora de ballet aos 16 anos, com 17 anos já contava com turmas próprias, porém sempre monitorada por profissionais mais experientes que transferiram seus conhecimentos a mim, a quem sou imensamente grata.

Lecionei aulas em lugares diferentes na região do Vale do Paraíba, dediquei muitos anos a ministrar workshops de ballet e jazz em várias cidades do Brasil.

Sara Müzel Academia de Dança iniciei de maneira informal e aos 20 anos encontramos esse lugar aqui, no bairro da Vila Ema em São José dos Campos, era uma clínica; fizemos um projeto de arquitetura e formalizei no ano de 2010, com muito apoio da minha família e da família do meu esposo e aqui estamos há doze anos.

Revista Meta: Quais são suas inspirações?

Sara Müzel: Sou uma pessoa de fé, busco em Deus, na Bíblia e na minha família a inspiração.

Adriana Pinheiro, diretora da Cia Rhema de Teatro e Dança foi e continua sendo uma grande inspiração para que eu siga dançando, coreografando, ensinando e dirigindo a Sara Müzel Academia de Dança. Adriana Pinheiro é da cidade de Goiânia, lugar onde frequentei conferências de arte cristã por muitos anos.

Nomes como Adriana Assaf, Vera Passos, Bravo Ballet, Ballet Paula Castro, Érica Novachi, Cézar Lima, Sabrina Martins Schvarcz, Beatriz Müzel, meus professores de uma vida inteira e grandes escolas nos EUA e Europa também entram na lista de inspirações diárias.

Tenho mentores e inspirações em várias áreas nos negócios, na gestão da área educacional, e de crescimento pessoal e entre eles posso citar Taiza Krueder, Tatiana Loureiro, Richard Stad, Murilo Dantas, Gustavo Cerbasi, Elaine Yamaguchi, Caroline Santos, Alessandra Prata e Paula Talmelli são alguns nomes importantes para mim nas diferentes áreas que atuo.

Revista Meta: Como você enxerga o mercado artístico hoje, em São José dos Campos – SP?

Sara Müzel: Eu acredito que, se você não tem um propósito bem definido com o que quer fazer com a sua arte, é difícil. 

Se você não faz um planejamento de um caminho que quer chegar, a forma que quer vender esse produto, seja a banda, a música, o cantor (a), o (a) artista plástico (a); o plano não dará certo, aliás, seu plano tem que dar errado porque no meio do caminho outras coisas aparecem e é preciso de tempos em tempos replanejar e recalcular a rota.

Se não tem um plano bem definido, não é sucesso. Agora, se você tem esse plano e busca um diferencial do seu produto, será sucesso.

Então, eu selecionei, “fiz uma peneira. Eu estabeleci um nicho, o meu público; esse que é o segredo. Falo todos os dias isso para todos: se você trabalha com qualquer coisa, por exemplo, artes, defina seu propósito, faça um planejamento e estabeleça um nicho, e então você atrairá como ímã pessoas com os mesmos ideais.

E não é só em artes, em tudo. É igual à revista; tem a opção de uma revista falar de tudo, porém vocês querem falar sobre negócios, empreendedorismo e exatamente; uma vertente muito grande, senão a gente se perde.

E tem mais uma coisa, São José dos Campos – SP foi considerada a terceira cidade do interior mais rica do Brasil. Portanto, estamos em um lugar muito rico; o mercado está ótimo para quem se planeja e age.

Revista Meta: Qual estratégia você entende que foi o ponto crucial para permanecer no mercado por 12 anos? 

Sara Müzel: Acredito que fazer escolhas alinhadas com seus valores e querer profundamente é o início de tudo.

Foram duas principais estratégias:

1 – O sucesso da academia foi nichar para um ambiente conservador de valores familiares; com isso atraio pessoas buscando pelos mesmos valores, posso dizer que a escola é focada num nicho de pessoas que buscam um ambiente e ensino mais personalizado com foco no aluno, com toques de sofisticação, elegância e exclusividade.  

O nicho que escolhi, com certeza foi o que me deixou no mercado e continuar sendo procurada, “consumida” pelas famílias que me procuram e tal, com toda certeza. 

Acho que é automático tudo isso, eu e meu esposo temos o mesmo padrão de pensamento para as demais empresas. Não abrir mão de valores inegociáveis é o grande segredo do sucesso, porque isso trará uma sensação grande de realização e convicção.

Cuidar da sua equipe, mentorear as pessoas que trabalham com você, valorizá-las e entender que ninguém faz nada grande sozinho é de extrema necessidade. Cuidar de quem está nas pontas do seu trabalho te representando é algo que não pode ser esquecido um só dia. E essa é a parte mais desafiadora do trabalho, e sim, tenho que mentorear; temos nove professoras, porque não consigo dar aula para todo mundo. Aliás, é o que menos faço hoje. 

Fico com a equipe, preciso transformar a minha equipe em mulheres confiáveis e que me representem bem, o que é desafiador. 

2- Realizar a fusão do escritório das empresas com meu marido e trazer minha irmã mais nova Beatriz Müzel como sócia das empresas, foi e é maravilhoso. Não vou a lugar nenhum sem eles!

Outro ponto que acredito levar ao sucesso todos os dias é:  

• Cuidar do descanso, não pensar em trabalho vinte quatro horas por dia, dar espaço e valorizar outras áreas da vida, faz ser ainda mais feliz no seu trabalho. 

• Viajar, estar com a família;

• Cuidar da saúde, ter uma rotina de exercícios, tomar sol, se alimentar bem, boa leitura, observar outras coisas não é uma “ladainha”, se você não cuidar dessas coisas não estará bem e vivo para ser feliz no seu trabalho.

Revista Meta: A Sara Müzel Academia de Dançatambém tem algum trabalho social?

Sara Müzel: A escola tem um trabalho social com crianças e jovens carentes, mesmo inseridos num endereço de poder aquisitivo alto em São José dos Campos, eu e meu esposo não deixamos de ajudar crianças e jovens a receber ensino na dança de qualidade assim como aqueles que podem pagar por isso. 

Os custos de uma educação de qualidade são elevados, na arte então isso pode ser muito mais, o ballet, o jazz e o sapateado custam caro; fazer tudo isso com qualidade tem um preço elevadíssimo para o cidadão comum, e é uma grande alegria poder oferecer a oportunidade para crianças e jovens em condições sociais difíceis. 

Mantenho a academia por uma convicção de saber que fazemos a diferença na sociedade, por amor, paixão, por querer sempre profundamente isso e por ser uma fonte de novas inspirações diárias para os outros negócios.

Revista Meta: Quais foram as delícias e dores ao longo desses anos na jornada empreendedora?

Sara Müzel: Delícia: a arte é agradável, escuto música clássica todos os dias. E eu amo. 

Então, uma das delícias é essa. Outra delícia é acompanhar o crescimento das alunas, tenho meninas que entraram aqui com 3 anos; hoje são dentistas, engenheiras, pedagogas, empresárias e são artistas. 

Não só aqui, mas de quando eu comecei. 

Tenho uma aluna que fala assim: “você não tem 12 anos de empresa. Você tem 20 anos de empresa. 

Porque começou muito antes de chegar na Vila Ema. Eu sou sua aluna desde antes de você chegar na Vila Ema.”

Então, tenho alunas em vários lugares do mundo formadas por mim, vi crescer. É uma delícia viver isso. 

Tenho foto de uma aluna, está ao meu lado com 6 anos. E no ano passado fui madrinha de casamento dela. Uma pessoa da família. Eu divido a educação. Falo com os pais: “Olha, eu faço parte dessa educação que você está dando para sua filha.” 

Existem mães que vêm falar comigo, querendo decidir qual será a escola que a filha irá cursar o colegial; faço parte dessa decisão junto com a família. 

A parte difícil são as dores e com certeza as contas. (risos); porque é caro. Dança é caro. Uma roupa, figurino profissional, toda a estrutura de teatro, iluminação. 

Enfim, o custo financeiro de um espetáculo custa muito.

Revista Meta: Como foi desenvolver os trabalhos 

na Pandemia?

Sara Müzel: Aprendemos tudo do zero em relação a dar aulas online, porém em pouco tempo insisti em voltar ao presencial em forma de revezamento com as turmas, tomando o máximo de cuidado possível com o distanciamento e higiene. 

Acredito que fui a primeira escola a voltar nesse formato ainda no ano de 2020 com muito apoio de toda minha equipe, que abraçou a ideia com muita entrega e dedicação. 

E para completar, 2020 na Sara Müzel Academia de Dança completou 10 anos de empresa formal, no meio da pandemia realizamos o nosso tradicional espetáculo de final de ano sem medo do que iriam pensar sobre o assunto.

Se não podíamos acessar os teatros, a ideia de fazer o espetáculo no espaço de eventos ao ar livre foi sucesso, com ingressos esgotados. Óbvio que, tomamos todos os cuidados possíveis como o uso de máscaras, distanciamento da plateia; mas não podia deixar passar. Com todos os cuidados nos ensaios e com o público no dia do espetáculo, tudo foi possível graças às famílias que não nos deixaram, tivemos apenas 7 baixas nas matrículas durante a pandemia. 

Os restantes das famílias das nossas alunas não nos deixaram, e me emociono em lembrar do apoio da minha equipe incansável!

Foi prova de fogo para todos nós e, acho que fomos aprovados com louvor e muita vontade de continuar nosso trabalho na dança e convívio com nossas alunas.

Uma consequência da pandemia foi que ela acelerou novos projetos que ainda estavam na marcha lenta, ao lado do meu marido criamos o Grupo Müzel de Empresas; um pouco antes já havia feito a fusão das empresas na área de consultoria de áudio profissional, onde trabalhar e dividir o escritório foi um grande Turning Point para o desenvolvimento de tudo. 

Foi na pandemia que de fato me lancei na abertura de empresas no ramo da moda autoral, com peças produzidas pela própria empresa; sonho antigo da minha mãe que foi aluna do primeiro curso de moda no Brasil em São Paulo, entre outras atividades na consultoria de projetos técnicos realizados por meu marido para área corporativa.

Revista Meta: Que mensagem deixa para aqueles que desejam ter uma vida empreendedora no mundo das artes?

Sara Müzel: “Deseje profundo, deseje muito profundo, queira muito e estabeleça os valores que você quer passar com a sua arte.” 

Acredito que se você deseja profundo isso, não importam os obstáculos que podem vir, irá superar, encontrará o caminho para se manter.

E entender também que a arte é um instrumento de renovo da alma. A pandemia trouxe isso também escancaradamente, ficamos em casa; o filme foi um super parceiro do ser humano durante a pandemia, durante o momento de reclusão. 

As séries, as músicas, na caixinha de som enquanto se lavava a louça, limpava a casa ou cozinhava.

Precisamos da arte, o ser humano, precisa se expressar de forma artística, todos os seres humanos.

Revista Meta:  Qual é a sua meta?

Sara Müzel:  Consolidar o Grupo Müzel de negócios; influenciar pessoas; expandir a área social que é uma grande paixão; espalhar arte de alto nível; levar minhas bailarinas para os quatro lados do mundo.

Continuar sendo feliz ao lado da minha família e com o que amo e acredito; amar a Deus e as pessoas; trabalhar menos e com mais qualidade sempre.

Seria isso possível? (risos) acredito muito que sim! Amo trabalhar, mas acreditem não sou workaholic, a vida pede muito mais! Empreenda, conquiste, cresça e seja feliz!

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